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À frente do grande negócio de 2009: o ministro da Defesa, Nelson Jobim, concluiu a aquisição dos submarinos Scorpène e está prestes a fechar a compra de helicópteros e caças |
Na noite da quinta-feira 3, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, estava eufórico. Havia concluído uma etapa crucial no processo de reaparelhamento das Forças Armadas. Com autorização do Senado, o Brasil investirá R$ 20 bilhões na compra de cinco submarinos franceses, incluindo um nuclear.
Além disso, Jobim está prestes a fechar mais um acordo militar, de R$ 5 bilhões, para a compra de helicópteros. "Temos que proteger o pré-sal e, para isso, é preciso pensar grande", disse ele à DI NHEI RO (leia sua entrevista à página 39).
"É o momento mais importante da Marinha nos últimos 30 anos", reforca o contra-almirante Wellington Liberatti, que comanda o programa naval. Agora, o Brasil poderá concluir o projeto do seu submarino nuclear, numa decisão que terá repercussões tecnológicas e geopolíticas.
No Sete de Setembro, ao lado do francês Nicolas Sarkozy, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixará clara a ambição brasileira de ganhar peso político em organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU. E falará ainda da necessidade de proteção do pré-sal, que ele define como uma "segunda independência".
O dinheiro dos submarinos, que faz parte do Programa Nacional de Defesa, um dos carros-chefes da gestão de Jobim, virá de um financiamento de E 5 bilhões. Foi aprovado na semana passada, com prazo de 20 anos, e será liderado pelo BNP Paribas
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Impacto na indústria: o contra-almirante Wellington Liberatti diz que o projeto dos submarinos irá transferir tecnologias para a área civil |
Com os recursos, o Brasil será o sexto país do mundo com um submarino a propulsão nuclear, depois de Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China. Ele deverá ficar pronto em 2014 e será construído numa nova base naval, na cidade de Itaguaí, no Rio de Janeiro, que deverá empregar cerca de cinco mil pessoas.
A vantagem de um submarino nuclear, na comparação com os convencionais, é a possibilidade de ficar submerso por muito mais tempo, em águas ultraprofundas, sem ser captado por sonares ou imagens de satélite.
E o brasileiro entrará em operação no mesmo momento em que o petróleo do pré-sal estará sendo extraído a pleno vapor, de acordo com as estimativas da Petrobras. "Mais de 90% do petróleo brasileiro vem do mar. Se não formos capazes de guardar isso, estaremos suscetíveis a todo tipo de ataques, como piratas e até mesmo terroristas", afirma o capitão de mar e guerra Emílson Paiva de Faria, assessor de Estratégia da Marinha.
Além disso, o Brasil está prestes a expandir suas fronteiras navais, com autorização da ONU, em áreas onde há também reservas comprovadas de petróleo - elas passarão de 3,5 milhões para 4,5 milhões de quilômetros quadrados. O processo de compra dos submarinos enfrentou a resistência de concorrentes alemães, que chegaram a apresentar uma proposta mais barata na última hora.
Só que com um detalhe: ao contrário dos franceses, os alemães não operam submarinos nucleares e não haviam previsto, na fase inicial, a construção de uma base naval no Brasil. "Foi choro de perdedor", disse Jobim, a respeito da posição alemã. Americanos e ingleses, por sua vez, são proibidos por lei de ceder a outros países a inteligência da área bélica
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Reforço financeiro: o comandante Moura Neto diz que a Marinha terá de investir R$ 5 bilhões ao ano até 2020 |
A Rússia vende apenas o equipamento, enquanto o submarino chinês encontra-se em fase de teste. Restou a França, cuja empresa naval, a DCNS, concordou com a instalação da base naval no Brasil, que será feita em parceria com a Odebrecht.
No projeto nuclear, o grande desafio de engenharia é a construção de um casco duplo, capaz de receber, sem riscos, a propulsão nuclear. O reator, cuja tecnologia o Brasil já domina, é desenvolvido desde 1979 no Centro de Aramar, em Iperó, no interior de São Paulo. A lém de modernizar as Forças Armadas, os cinco novos submarinos trarão ainda um benefício de longo prazo para a economia brasileira.
Fonte: ISTOÉ Dinheiro
[Recomendado pela ex-PETiana Synthia Santana]
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