quarta-feira, 26 de maio de 2010

Alemanha demorou para agir

Para presidente da Comissão Europeia, Alemanha demorou para agir
26 de maio de 2010



Alemanha teve 'falta de liderança' e carência de 'europeísmo', critica presidente da Comissão Europeia


Os políticos alemães não explicaram com clareza o que o euro e seu mercado representam para o país. A crítica é do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, considerado um prudente e discreto. Por isso, quando ele fala, significa que o assunto já adquiriu a classificação de tema de amplo consumo em Bruxelas. O fato é que a principal potência econômica da Europa é criticada pela "falta de liderança" e carência de "europeísmo" na crise atual.

Numa entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, Barroso respondeu com veemência a uma pergunta sobre a raiva alemã em "pagar as contas dos outros", citando o valor do superávit comercial anual da Alemanha: 134 bilhões de euros.

"A opinião pública alemã sabe que quase 86%, concretamente 115 bilhões de euros, vêm do comércio dentro da União Europeia? Os políticos alemães disseram à sua opinião pública que as exportações do país a outros países da EU aumentam constantemente? Entre 1995 e 2008 elas cresceram 7,4% ao ano, enquanto as exportações para o Japão subiram apenas 2,2%. Até agora a Alemanha foi a maior beneficiária do euro e creio que mais políticos alemães deveriam dizer isso claramente", explicou o presidente da comissão.

Barroso se lembra que, não por acaso, o euro não foi um invenção espanhola, grega ou irlandesa, mas sim franco-alemã, e chama a atenção sobre os "desequilíbrios internos em competitividade na Europa", onde reside "um dos motivos mais profundos desta crise".

A Alemanha deveria ter reagido com mais rapidez à situação. "Teria sido melhor se tivéssemos podido tomar as decisões antes", disse. Ele avalia que, fora da Europa, dos Estados Unidos ao Japão, passando pelo Brasil, se esperava uma reação mais rápida. Com uma atitude mais clara, "os custos, financeiros e sobretudo políticos, teriam sido menores".

Joschka Fischer, ex-ministros de Relações Exteriores alemão, que quando na ativa viu Barroso ser reeleito ao cargo em Bruxelas "precisamente por ser discreto", expressa as mesmas considerações. "Ninguém explicou por que o euro é importante para a Alemanha, e ninguém explica por que a Alemanha sempre paga a conta: é porque a Alemanha é o grande ganhador na Europa", disse a Der Spiegel. "Se não tivesse sido pela chanceler Angela Merkel, a Europa já teria agido muito antes." O ex-ministro, político do Partido Verde, acredita que seu país está "mais isolado do que nunca."

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