terça-feira, 6 de outubro de 2009

A bolha Casas Bahia

Quer pagar quanto?

Uma empregada doméstica que ganha 700 reais líquidos por mês possui oito cartões de crédito. No momento, deve em todos. As mais variadas lojas de departamento estão devidamente representadas em sua carteira. Ela já encontrou até um posto onde o combustível pode ser pago em suaves prestações.

Essa é uma personagem do que o economista Carlos Lessa chama de bolha Casas Bahia. Em seus artigos sobre a crise econômica atual, Lessa alerta para a possibilidade de algo semelhante por aqui. A diferença é que lá a bolha foi formada com base no mercado de imóveis. Aqui são eletrodomésticos, móveis, carros e uma variedade de bens de consumo, cada vez mais acessíveis a todas as classes.

A nossa posssível bolha é formada por dívidas com longos prazos de pagamento e juros embutidos altíssimos. Atraídos pela possibilidade de arcar com a dívida mês a mês, os consumidores nem se preocupam tanto com os juros. Mas o fato é que quanto maior o prazo, maiores eles são.

Lessa explica, de forma bastante didática, em entrevista à revista Carta Maior: “É aquela experiência que todos já viveram. Tem um lugar que vende alguma coisa em oito prestações sem juros. Você vai com dinheiro e diz que quer pagar à vista. Não tem desconto. Sabe qual é o significado disso? Eu não estou interessado em vender a coisa, estou interessado em que você se endivide. E pague o juro embutido colossal nas prestações, eu quero você como devedor. Aí as Lojas Americanas, as Casas Bahia se convertem em financeiras”.

Em outro artigo, Lessa diz que a bolha é sustentada pela preocupação dessas pessoas endividadas em não deixar, em palavreado popular, o “nome sujo”, o que impossibilitaria novas compras. Assim, elas vão arrastando as dívidas, pagando o mínimo possível.

Mas será que essa situação é sustentável? E o que vai acontecer quando essas pessoas se derem conta de que não conseguem pagar todas essas dívidas? A bolha estoura…


http://economiaclara.wordpress.com/

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