Um dos estudos mais conhecidos de Saez é a sistematização dos dados da distribuição de renda nos EUA. As pesquisas de renda familiar só começaram a ser feitas no país em 1960, mas o economista complementou os dados a partir de levantamentos do imposto federal sobre a renda. Assim, foi capaz de estudar a evolução da desigualdade de 1913 até os dias atuais.
A evolução da participação dos 10% mais ricos na renda dos EUA tem, segundo Saez, o formato da letra U. Isso porque eles tinham cerca de 40% da renda entre as décadas de 20 e 40 e caíram para a base do U, com 32,5%, durante a Segunda Guerra Mundial. A desigualdade voltou a subir nos últimos 25 anos, de tal forma que os 10% mais ricos tinham, em 2006, 49,7% da renda do país.
Segundo Saez, o perfil dos ganhadores das maiores rendas nos EUA mudou nos últimos anos. Entre as décadas de 20 e 40, eles recebiam rendimentos de capital, como juros e dividendos. Os rentistas tinham acumulado imensas fortunas durante as revoluções industriais do século XIX, quando a taxação das rendas de capital era modesta. Já os ricos de hoje, nos EUA, seriam trabalhadores, empregados ou empresários muito bem pagos.
O economista afirma que a sociedade teria que decidir se o aumento na desigualdade de renda, pela captura da maior parte dos ganhos de produtividade por esses empresários, seria eficiente e aceitável. Caso não, seria preciso desenvolver um conjunto de reformas institucionais para contê-lo.
A partir dos dados recolhidos, Saez desenvolveu uma série de estudos para medir os efeitos das mudanças nos impostos sobre as decisões das famílias. Assim, iluminou questões como a taxa apropriada para a população de alta renda, a estrutura dos programas de transferência do governo para pessoas de baixa renda, o tratamento dos rendimentos do capital e até a taxação sobre pessoas casadas. O economista mostrou como o sistema de impostos deve variar de acordo com a distribuição de renda de cada país.
Em um dos artigos, por exemplo, Saez contesta vários estudos segundo os quais taxar a renda do capital (como juros e dividendos) para redistibuir fortunas acumuladas tem altos custos para a eficiência. Segundo o autor, esse tipo de imposto pode ser uma ferramenta muito poderosa para reduzir a concentração, e desejável, no sentido de que não reduz muito a eficiência. Para isso, ele não deve ser linear (quem ganha o dobro, paga o dobro de imposto), mas progressivo (quem ganha o dobro, paga mais que o dobro), com uma faixa de isenção.
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