
Prémio Nobel da Economia em 1970 foi considerado o fundador da economia moderna.
O mundo da economia ficou ontem de luto com o anúncio da morte de Paul Samuelson. O prémio Nobel da Economia em 1970, professor do MIT e um dos maiores nomes da economia do século XX faleceu ontem, aos 94 anos, na sua casa de Massachusetts.
É difícil exagerar a importância de Samuelson para a Economia moderna. Os seus contributos cobriram áreas tão diversas como os ciclos económicos - o famoso modelo do "acelerador-multiplicador" -, a importância dos bens públicos, o comércio internacional e a microeconomia. Tudo conjugado com um rigor analítico (importado da física, na qual foi iniciado), que culminou com uma sólida formalização matemática das teorias.
Samuelson foi ainda responsável pela cunhagem do termo "Síntese Neoclássica", que conjuga a economia keynesiana com os ensinamentos clássicos num único e robusto corpo teórico. E deu contributos importantes para a fundamentação microeconómica da macroeconomia, que nessa altura continuavam ainda muito afastadas (um divórcio não completamente resolvido). "Se hoje podemos dizer que a economia é uma ciência, a ele o devemos", comenta Luís Aguiar-Confraria, professor na Universidade do Minho.
O facto de ter estado nas fronteiras do conhecimento científico do seu tempo não o impediu, contudo, de contribuir também para fazer chegar a economia ao grande público. A este nível, é de destacar "Economia", o livro introdutório que gerações de economistas utilizaram no primeiro contacto com a ciência e que foi sucessivamente revista e alargada desde a sua publicação, em 1948 (a 18ª edição data de 2004). "A Bíblia", como ficou conhecida, inspirou a grande maioria dos outros manuais que se lhe seguiram.
Trigo Pereira, professor de Economia do ISEG, é um dos muitos académicos influenciados por Samuelson. "Foi por ele que estudei economia", diz. "Há 30 anos eram da autoria de Samuelson todos os manuais de economia, centenas de milhares de alunos de economia estudaram pela sua obra", acrescenta.
O antigo ministro das Finanças Campo e Cunha também destaca a importância de Samuelson, considerando-o mesmo "o fundador da economia moderna". "Tem contributos importantes em praticamente todas as áreas", diz.
E, de facto, não é difícil ver na economia moderna a influência de Samuelson: do formalismo matemático aos modelos de gerações sobrepostas, passando pela progressiva aproximação entre a micro e macroeconomia, as suas ideias disseminaram-se um pouco por todo o lado e estão na génese do ‘mainstream' actual. "Não consigo imaginar o que era a economia hoje sem Samuelson", conclui Aguiar-Conraria.
Fonte: Diario Econômico
Os bons morrem jovens....
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